A política econômica do novo Governo espanhol será “clara, progressista e moderada” e estará baseada em três princípios: “disciplina orçamental, sensibilidade social e reformas estruturais”, nas palavras da superministra da Economia, Nadia Calviño, agora elevada à categoria de vice-presidente do Executivo. Pedro Sánchez foi explícito ao confirmar o forte conteúdo socioeconómico que pretendeu dar ao seu gabinete ministerial, no qual pelo menos 10 pastas (de um total de 22) têm vínculo direto ou indireto a assuntos desta índole. Além de as circunstâncias de desaceleração generalizada o aconselharem, o pacto assinado entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, social-democrata) e o Unidas Podemos (UP, populistas de esquerda) para formarem um governo de coligação, que é o primeiro na história democrática recente de Espanha, obrigam a esse ênfase. Diferentemente de Portugal, quatro dirigentes do UP, dois deles de origem nitidamente comunista, irão sentar-se à mesa do Conselho de Ministros. Pablo Iglesias, o líder máximo desta formação, ostentará a segunda vice-presidência, com especial responsabilidade em assuntos sociais.
A ampla equipa de especialistas que Sánchez reuniu ao seu redor não tem uma tarefa fácil. O acentuado cariz socioeconómico do Governo é dado pelo facto de até a nova ministra dos Assuntos Exteriores, Arancha González, ser uma especialista em comércio internacional, que até agora tinha um alto cargo nas Nações Unidas com responsabilidades nesse âmbito, ou de a ministra das Finanças, María Jesús Montero, uma repetente no cargo, se ter convertido, além disso, em porta-voz do Executivo. A elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE) é uma das primeiras tarefas do Governo, pois continua em vigor, após ter sido sucessivamente prorrogado, o OGE que foi elaborado em 2018 pela equipa de Mariano Rajoy (PP, centro-direita). Sánchez precisará de recorrer novamente à geometria variável de um Parlamento fragmentado para levar avante o seu Orçamento. E, sobretudo, deverá contar com a aquiescência dos independentistas catalães da Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) para o conseguir, pelo que deverá mostrar-se contemporizador com as exigências dos independentistas. O OGE deverá recolher os principais aspetos do pacto de coligação PSOE-UP em matéria fiscal. Está previsto um aumento dos impostos em um ponto percentual a partir de €130 mil anuais e dois acima dos €300 mil. Irá subir o imposto das empresas, haverá uma carga fiscal para as transações financeiras interbancárias, será implantada a taxa Google e haverá um agravamento ecológico.
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